Wednesday, June 24, 2020

Os outros vírus da pandemia




1) Comportamento alterado

Como um mantra, repetimos: Quem puder, fique em casa! Concordo. É a melhor maneira de protegermos uns aos outros e sigo assim. Mas você não teve nenhum surtinho de ansiedade, depressão, fadiga, tédio ou qualquer coisa que o valha? Nenhuma hora ‘cê num pensou’: ”Pro quinto dos infernos esse vírus desgramado, incoveniente do caramba! Eu vou saiiiiiiiir! Vou dar a volta no mundo, eu vooooou! Vou ver o mundo giraaaaaaaaaaaaaaaar!”

Porque eu flerto com esse rompante de loucura diariamente. Só não cometo porque envolve pessoas cuja saúde quero zelar.

Não! Eu não estou tirando aprendizados dessa pandemia (a não ser entender e temer um vírus entrando no corpo humano).

Não! Eu não estou achando gostoso ver séries e filmes o dia inteiro. Isso eu sempre tive um tempinho para fazer. Mas não o tempo todo que eu tenho.

2) Da irracionalidade à aceitação compulsória

Na primeira página de um dos meus livros favoritos da vida, estava eternizada uma frase que me envolveu desde o início da leitura: “Choveu durante quatro anos, onze meses e dois dias”. O meu pavor por uma situação assim não tinha nenhuma conexão com a minha realidade. Até esse emblemático e histórico 2020.

Já estamos fechando um semestre e sinto que envelheci 6 anos em 6 meses. E de uma forma que traz mais descompassos mentais do que aquele amadurecimento necessário à vida.

3) A importância do verbo esperançar

Quero que todo mundo mentalize o fim - com segurança - do isolamento. Não sei vocês, mas desejo esse marco ardentemente. E quem quiser me ver, SAI DE CASA! Estarei lá naquele buteco de calçada com cerveja tão barata quanto gelada. Entrarei em toda e qualquer fila que existir - e brasileiro adora uma né? - em vão, só para ficar perto de gente. Participarei de todos eventos a céu aberto, onde estarei bebendo em copos alheios e oferecendo os meus para todos, porque o Corona não será mais uma ameaça. Vou sair às sextas e voltar só domingo depois de passar na Feira Hippie.

Até lá, pessoal!




4 comments:

  1. Se dirigir, não beba,
    Mas
    Se beber, me chame.
    Ou
    Fique em Casa,
    Mas
    Se sair me chama,
    Que vou avoando
    Pelo Amor de Deus
    Me
    Chamaaaaaaa.

    Parabéns, Maria.

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  2. Show demais! Muito gostoso imaginar o mundo livre desse inferno. Fez bem pra alma! Obrigado.

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  3. This comment has been removed by the author.

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  4. "Choveu durante quatro anos, onze meses e dois dias." Cem anos de solidão...
    Otima escolha de frase! ;-)

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