Tuesday, November 25, 2014

Grata serendipidade


Dos hermanos argentinos, um conto de fadas atualizado: com os aparatos e mentalidades que os novos tempos trouxeram. Medianeiras (Gustavo Taretto, 2011) é uma crônica moderna sobre as relações amorosas dos tempos atuais.  Moderna na sua sincronia temporal, mas também pela forma como versa a estória do encontro de um par, depois de muitos desencontros quando eram só um.

Esteticamente primoroso, o longa-metragem parece ter sido inspirado no livro Amor Líquido, do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Ambas as obras abordam os contornos obtusos e superficiais que as interações humanas têm adquirido. Tanto na literatura quanto no cinema, autor e diretor imputam essa nova tendência ao advento das novas tecnologias, que criaram e popularizaram as demonizadas redes sociais. A leviandade comportamental e a fragilidade das bases das relações podem até ter sido influenciadas por esses avanços, mas não se pode transferir às máquinas a culpa de atitudes e posturas completamente (des) humanas.  

O filme dos nossos vizinhos – que também não ganharam a copa no Brasil - traz à tela uma incontestável aula semiótica e metafórica. Bastante simbólico é o perfil do protagonista Martin. Vivido por Javier Drolas, o personagem trabalha no conforto do seu apartamento, como desenvolvedor de sites. Além de instrumento de trabalho, Martin tem o computador como meio de vida. Através dele, o jovem faz tudo o que (acha) que precisa: compra, paga contas, se informa, joga e bate-papo.

Medianeiras tem dois personagens como núcleo principal. Além de Martin, bastante presente também no enredo é Mariana (Pilar López de Ayala), uma arquiteta que se ocupa em decorar vitrines. Nesse momento, vale mencionar as imagens em time-lapse que remontam a construção de uma metrópole, no caso, Buenos Aires. A agilidade das cenas sugerem também o resultado disso: tão rápido se faz, mais veloz se desfaz. Os fios, que sujam os céus, na ideologia, deveriam servir para deixar as pessoas mais ‘conectadas’, porém não interligam nada nem ninguém, apenas impõem uma distância que não deveria existir.

Outra excelente metáfora visual e reflexiva consiste no ofício de Mariana. Ali, vestindo manequins, ela está num lugar tênue: nem dentro da loja, nem na rua; ela vive naquele espaço, onde está somente ela e os bonecos. Tal como na sua existência: ela passa a vida dentro de seu apartamento, sozinha, como se ali pudesse se ‘proteger’ da realidade. Sempre numa total ausência de vigor e animação, tal como os manequins.

Elemento chave para a compreensão da estória é o livro preferido de Mariana. A personagem guarda com carinho e zelo um daqueles conjuntos de páginas no qual, em cada uma, é preciso saber ‘Onde está o Wally?’. Ironia que só se completa no desfecho do filme, Mariana somente não destrinchou uma figura: ‘Wally urbano’.

Antes de chegar ao ato final, vale mencionar a cena em que o encontro de Mariana e Martin começa a ser ensejado. Os dois começam a conexão devido às medianeiras, título do longa. Conceito também vindo da arquitetura, medianeiras são os vãos entre blocos prediais onde não são construídas janelas. Contrariando a lógica, os protagonistas decidem abrir janelas naquelas paredes cegas, e, com elas, passam a enxergar um mundo que desconheciam. Um de frente para o outro.

Como o início do filme já denota, Martin e Mariana irão ficar juntos. Mas não é esse desfecho já explicitado que garantiu ao filme o prêmio de melhor longa-metragem, em Gramado. A temática da narrativa já carrega, por si só, grandes doses de relevância, pois trata da paradoxal solidão num mundo onde os avanços acontecem, em sua teoria, para aproximar as pessoas. A retratação tão profunda e representativa dessa característica inerente à sociedade moderna, junto a uma montagem de cenas ágil, mas com trilha sonora melancólica, já fariam da obra um excelente enredo, propulsor de pertinentes reverberações acerca de questões incontestavelmente atuais.

Porém, o que dá o toque de excelência à produção de Gustavo Taretto é o 3º ato. De sua janela, Mariana avista o horizonte, mas, ao fixar o olhar em um ponto, (tal como fazemos para achar o personagem Wally) eis que ela decifra o enigma que a acompanha desde criança: num cantinho da calçada está Martin, sua alma gêmea encomendada desde o início do filme, vestido com uma camisa de listras largas vermelhas e brancas. Ela encontrou o Wally. 

 * Serendipidade: descobertas afortunadas feitas, aparentemente, por acaso.


Thursday, October 30, 2014

Do lado de dentro

Resiliência. Desde que conheci o significado dessa palavra, introjetei-a no meu imaginário, sem me desapegar dela. Usaria quando fosse necessário. Era o meu curinga. E todo ser humano que se deixa ser humano vai precisar recorrer a esse imponente vocábulo em determinada(s) etapa(s) da vida.

O senso comum que dita que a nossa felicidade é conquista individual, talvez seja uma das únicas verdades absolutas da vida. Ser feliz tem como lastro movimentos muito mais internos do que externos.


Para absorver bem os pulsos positivos que os acasos da vida nos oferecem, o nosso introspectivo deve estar afiado. Assim como a mãe precisa estar preparada para gestar um bebê; como a terra deve estar arada para que as raízes cresçam; como a vela do barco deve estar na posição certa para chegar ao destino almejado.

Nessa mesma lógica, nós precisamos estar com o coração limpo e leve, com a mente em plena atividade, com as sinapses acontecendo de forma efetiva e harmônica para que, consequentemente, as boas possibilidades que a vida nos proporciona sejam apreendidas com todo fulgor. O sorriso é nossa grande assinatura, mas é bom lembrar que, os sinceros, que estampam nosso rosto, vêm do lado de dentro.

Imbuída da frase que eu mesma fiz para ser meu talismã – nunca estou sozinha, tenho minha cabeça e meu coração – busquei nas minhas referências exemplos - ficcionais ou não - que endossassem todo essa delonga de raciocínio. Me lembrei de vários filmes aos quais assisti, livros que li, músicas que ouvi e, em vários casos, reconheci peculiaridades que aproximaram personagens e eu líricos da minha idiossincrasia.

Para indicar alguns: Sofia, que tinha um mundo todo dentro de sua imaginação (O mundo de Sofia – Jostein Gaarder); Andy Dufresne (Tim Robbins), de Um sonho de liberdade (1994) que aturou anos numa prisão, onde ficou, injustamente, sofrendo mazelas de alto grau, porque tinha dentro de si utopias tangíveis. Ou ainda o protagonista do fantástico ‘Peixe grande e suas histórias maravilhosas’ (2003 – Tim Burton), que, em suas fantasias, vivenciava seus mais valiosos sonhos.

A mistura dos conceitos resiliência e felicidade neste texto foi proposital. São termos que tem relação sucessiva: primeiro a resiliência, depois a felicidade, embora os dois também possam caminhar lado a lado.


 Dica musical da vez: Mantra - Nando Reis 

Wednesday, August 13, 2014

Relativizar é preciso


Se eu pudesse dar um conselho a todos vocês, não seria ‘Use filtro solar’, pois não sou o Pedro Bial. Minha admoestação seria: não faça das palavras ‘nunca’ e ‘sempre’ vocábulos de uso para as suas falas. Esses dois advérbios, na maioria das vezes, fazem de nós mentirosos irremediáveis.

Pois o que achamos ser, pode não ter nada a ver com o que realmente é. O universo que nos habita só tem uma regra: todas as afirmativas dependem de ponto de vista, de contexto em que estão inseridas e da bagagem do opinante. As fronteiras que separam dois extremos são linhas extremamente tênues.

Tudo – e neste tudo abrange tudo e o todo mesmo - depende da interpretação que se faz, podendo esta variar de um extremo a outro numa facilidade incrível. As impressões sobre o mundo, as coisas, as situações, as pessoas, os conceitos etc, são pontos subjetivos, fincados num terreno vulnerável. Por isso, os contrastes e discrepâncias tão comuns na vida.  

Para ilustrar essa alternância de polos e caminhando para o âmbito do cinema,  a classificação de gêneros de filmes também é passível de leituras. Produções categorizadas como drama clássico, podem facilmente ser chamadas de dramalhões ou melodramas; o terror mais horripilante pode pecar pelo excesso e punir para o lado do burlesco, virando uma comédia de mau tom; e há quem diga que as mais agitadas obras de ação são entediantes. Assim como o chique se torna brega; o carinhoso se torna pegajoso; o perto também é longe; o irretocável, cheio de defeitos e lacunas; a eficiência vira o despreparo; e o fato, boato.

Tais divagações introduzem muito bem um paradoxo que se singulou em dois episódios dos últimos dias.

Apesar de entender o assunto como de suma delicadeza e sensibilidade, impossível não estranhar dois profissionais, que fizeram da comédia a via para ganhar dinheiro, cometerem suicídio - o pior ato contra si mesmo. Os falecimentos de Robin Willians e Fausto Fanti são, pessoalmente, lamentáveis. Cada um, ao seu talento e guardadas as proporções, constitui o meu universo de personagens referenciais.

Robin Willians me arrancou risadas não só em diversos papeis de comédia como também em suas entrevistas sempre descontraídas e bem humoradas. O ator também me inspirou e incitou reflexões em trabalhos como o psicólogo Sean McGuire, de Gênio Indomável e o professor entusiasta das ideologias libertárias, em ‘Sociedade dos Poetas Mortos’. E ainda mais paradoxal foi a interpretação de Robin Willians em ‘Patch Adams - o amor é contagioso’, encarnando um personagem que revigorou milhares de corações de espectadores, promovendo verdadeira aula de valorização da vida.

Os que nos fazem rir podem ter a tristeza dentro de si. Assim como a essência da figura do palhaço, que faz graça para esconder sob maquiagens e piadas as fragilidades que os habitam. Parece que estão fadados a um destino traçado por um alguém que preza pela ironia.

Em outra instância, mas ainda com relação aos dois casos supracitados, quanto mais se reverbera o existencialismo, confrontando-o com o contexto da realidade atual, maior chance de flertar com a depressão. Isso explica a doença, o incontestável mal do século, acometer grandes gênios da humanidade. Soa como incoerência, mas é a vida como ela é.

Nesse universo de correlações difusas, de certezas contestáveis, de desconstrução de verdades absolutas, o melhor é colocar um óculos que maximiza o lado otimista das coisas e seguir com um sorriso estampando o rosto; o riso alegra a alma e os entornos. O pranto só serve para chorar e gastar lágrimas.

Hino guia da realidade vigente para ouvir diariamente: Bola pra frente - Maria Rita

Vídeo do Palhaço Gozo, não foi porque ele morreu que assisti ao vídeo, sempre revisitava esses quadros no sense.






Tuesday, April 15, 2014

O Retrato de Dorian Gray é o retrato da sociedade contemporânea

Oscar Wilde escreveu no século XIX um livro de uma contemporaneidade estarrecedora. Um dos maiores autores irlandeses inspirou gerações de leitores e, agora, influencia cineastas e espectadores. Portanto, não foi surpreendente que o diretor Oliver Parker tenha dirigido um longa metragem (2009),  homônimo ao livro.

Não sei se Oscar Wilde tinha a pretensão de ser um visionário, mas, enxergo a lucidez da sua obra quando se compara ao que se vive na atualidade. Por isso é que o filme veio a calhar nos anos 2000. Para um espectador menos afiado, a obra pode não passar de um suspense psicológico ordinário.

Porém, fiz a leitura - que pode muito bem ser equivocada – de que o filme não se atém ao fato do protagonista Dorian Gray, vivido por Ben Barnes, entregar a sua alma ao diabo para ter eternamente uma aparência bela e jovial. Entendo, principalmente pelo tom do livro que inspirou o longa, que se trata de uma metáfora dialética sobre o culto às aparências, uma ode à vaidade humana que, quando em grandes proporções, é perniciosa não só a quem a detém, como também para os que rodeiam o vaidoso.



Nesse sentido, a temática de ambas as obras versa sobre a superficialidade do comportamento (des) humano. Aquele indivíduo calcado no hedonismo, que apenas mantém relações superficiais, agindo de forma obtusa e leviana, com interesses individualistas que suplantam sentimentos alheios.

Um reflexo ainda mais lastimável da sociedade dos dias de hoje é que antes, como defendia Maquiavel, para homens de grandes responsabilidades, alguns desvios de conduta em prol de um objetivo nobre, era aceitável. A situação se banalizou de tal maneira que, por quase nada, estão metralhando deslealdades, quase sempre por interesses egoístas. A grande maldade começa em suas pequenas manifestações. O estilo vil de vida anda em alta, que ele não se torne via de regra.
   
Destaque para o jogo de elementos cênicos do filme. No sótão onde Dorian isola o seu retrato pintado, há, ao lado do quadro, um espelho. Sempre que ele observa a pintura, em contra ponto, ele olha para o espelho e enxerga a inexorável discrepância entre o que ele aparenta ser – estampado em sua bela imagem refletida no espelho – e o que a vida e suas atitudes fizeram dele: um verdadeiro monstro. Sublinho também a atuação do manipulador amigo de Dorian, Harry (Colin Firth), que, por ironia da estória, provou do seu próprio veneno, personagem tão brilhante como quando protagonizou, um ano depois, o Discurso do Rei.

É nessa toada que vou concluindo, apesar de ainda ter muito o que dizer sobre esse enredo digno de obra prima. As analogias que pululam na mente ao assistir o filme são muitas. Dorian é perfeito em sua aparência, assim como a pintura que lhe foi feita, mas também como o quadro que o ilustra, ele é apenas aquilo: a superfície. Não há nada por trás. Nem por dentro. A imagem de Dorian estava construída, ao contrário de sua integridade, que foi minando até inexistir, maldade depois de maldade.


P.S.: Apesar de todo pessimismo escancarado na crítica, ainda é prudente – ou inocente - acreditar na potencialidade do ser humano em ser bom. Muita coisa que a vida me traz, sinaliza isso. 

Wednesday, March 5, 2014

Bem interessante para uma ficção


Mais estranho que a ficção (Marc Forster, 2006) tem como mote a metalinguagem. São várias as manifestações desse conceito dentro da obra, configurando um espiral de metalinguagem no qual existem muitas formas dessa propriedade linguística, de maneira que uma circunspecta a outra.

Para sintetizar, o filme é o resultado do que se passa no livro sobre a vida do protagonista Harold Crick (brilhantemente vivido por Will Ferrell), bem como a descrição do processo de produção literária e fílmica. Esclarecendo, o longa é o produto final dessa miscelânea de situações metalinguísticas. E a todo instante, durante esse processo de construção de estórias (que na verdade é uma só) o código linguístico refere a si mesmo, ou seja, o filme fala do filme, a autora fala de seu livro, Harold reflete sobre sua vida: a metalinguagem é intrínseca a todas instâncias da obra.

A grande diferença desse filme para outros roteiros adaptados de livros, é que, nesse caso, as tramas do livro e do filme acontecem senão ao mesmo tempo, quase simultaneamente, dentro do mesmo tempo espaço e dispositivo comunicativo. Uma influencia a outra, uma exerce função na outra, existe relação de causa e efeito entre ambas, de forma instantânea. O final de um depende do desfecho de outro. E o fato de essas relações serem explicitadas durante o tempo fílmico é um caso típico de metalinguagem. O processo de produção da arte é explicitado. Os códigos linguísticos se auto mencionam o tempo todo.

Durante todo o filme, é evidente que existe uma história de um livro e outra do próprio filme, porém, a mistura homogênea de ambas é oficializada nos momentos finais da obra, nos quais os enredos encontram-se em tempo, em sentido e em espaço, até que personagens de ambos os meios vivem uma só trama.

Cada elemento do filme-barra-livro carrega em si um conjunto de significados emblemáticos. Para exemplificar, o sobrenome de Harold, traduzido para o português,  é torcicolo. A inferência que fiz é que o protagonista tinha  um incômodo que o impedia de viver plenamente. Outra leitura é que, sofrendo de torcicolo, Harold não pode movimentar perfeitamente a sua cabeça. Ou seja, o giro de sua cabeça é tolhido pela dor, o que o impede de olhar para outras direções; uma metáfora para a forma como ele rege a sua vida: estaticamente, como se usasse uma viseira, sem grandes aspirações.   

Outro traço ímpar do filme é apresentar uma narradora onisciente, ou seja, que não participa da trama, e, logo depois inseri-la como personagem fundamental da história. Ao colocar Eiffel como personagem, o espectador acompanha a trajetória dela em busca do final para a vida de Harold, protagonista de filme e livro.

Por fim, essa peculiaridade mais estranha do que a ficção de descobrir que tinha sido inventado por uma autora, acabou salvando a vida de Harold em dois sentidos: ele não somente realmente sobreviveu ao destino que e escritora tinha imputado a ele, como também passou a viver sua vida literalmente, humanamente, prazerosamente, ao invés de automaticamente e sem empolgações ou emoções, como antes.


Não fosse por todas essas características inóspitas e complexas, o filme ainda atrairia pelos diálogos inteligentes e um humor que vai do sofisticado pelo sarcasmo e ironia ao pastelão.  

Friday, February 7, 2014

Busca eterna por mentes inquietas



Assim como não existe marinheiro de primeira viagem, não existe vitorioso de primeira tentativa. São raríssimas as pessoas que conquistam o que almejam como num passe de mágica. O que é importante, não vem facilmente. O que tem significado, demora a ser conseguido.

Talvez um dos poucos mandamentos da deontologia do jornalismo pelo qual balizo os meus princípios pessoais é o que afirma que a prática desta profissão é o compromisso com a verdade ou, acreditar no que se diz e, consequentemente, no que se faz. Tenha isso como talismã, aplique em todos os âmbitos da vida e ‘aponta para a fé e rema’.

Neste caminhar trôpego - ora tropeça e cai, ora levanta e vai - não há do que reclamar. É assim que se faz a vivência e acumula experiência; assim se constrói um sistema empírico de aprendizado muito útil para aplicar em situações vindouras, praticando a chamada redução de danos, bem como o impedimento de repetição dos erros. Como bônus, essas passagens servem  também para tornar-te um alguém mais interessante... que seja.

A persistência, virtude tão exaltada como identidade da sociedade brasileira, responde a uma linha tênue circunstancial que pode ser definida por dois ditados populares: enquanto um diz que ‘água mole em pedra dura, tanto bate até que fura’, noutro extremo, há o que dita que ‘dar murro em ponta de faca’ é, obviamente, uma postura inócua.

Tantas divagações talvez por demais abstratas, vieram de reflexões após assistir à apresentação ‘Nômade’, da Cia Mário Nascimento, em cartaz no CCBB de BH, dentro da programação do Verão de Arte Contemporânea (VAC).

O espetáculo versa, utilizando quase por maioria expressões corporais, sobre a inconstância humana em suas buscas incessantes e variadas. A trilha sonora sem vocal envolve o espectador, criando uma atmosfera de tensão e atenção aos próximos passos que serão estampados naquele palco sem nenhum artifício de cenário.

Como sempre, ouso escrever inferências minhas. Desta vez, apreendi que toda aquela representação de um povo aborígene em busca de seu lugar seja uma metáfora do que a vida é, ou deveria ser: uma caçada implacável e randômica por nosso espaço no mundo, para que também possamos encontrarmo-nos dentro de nós mesmos. 

A música da vez veio a calhar, título e conteúdo: Nômade