A vida às vezes pode ser um dejá vu cíclico. Ou um filme inédito. Você
pode até antever que a situação vai dar no que deram as (muitas) últimas, mas a
esperança - que ora move o ser humano a conquistas, ora o cega para acreditar
no impossível - interfere e o empurra abismo abaixo, ou céu acima. Na roleta
russa das decisões da vida, o tiro no escuro pode acertar o alvo, ou ferir o
inocente.
O ensejo se aplica a qualquer âmbito da
existência humana: profissional, relações pessoais, futebol, política ou
economia (acrescente aqui ainda o tema que desejar). É uma regra ressonante do
jogo de viver neste mundo que, de um extremo a outro, nos apresenta uma paleta infindável
de sensações e momentos. E, principalmente, se aplica à urgência dos tempos,
que, incoerentemente, nos oferece opções de escolha que nossa cabeça não
consegue processar no prazo que nos é hábil.
Na esteira das incertezas do perde e ganha,
não existe um manual pronto. Mas há algumas premissas que lastram o agir.
Esperar
é diferente de esperançar. O primeiro é estático, o segundo, movimento.
Persistir
é diferente de insistir. O primeiro é fundado, o segundo é inútil.
Acreditar
é diferente de fantasiar. O primeiro é imbuído de realidade, o segundo, o nome
já diz.
Arriscar
é diferente de auto sabotar. No primeiro, há chance de bons resultados. No
segundo... Receita para o desastre.
Alertar
é diferente de cobrar. O primeiro é cuidado, o segundo, incômodo.
Deixar
ir é diferente de desistir. O primeiro acontece quando se esgotam as tentativas
e é necessário abdicar. No segundo, ainda poderia haver potencial de
prosperidade. Ou não.
Nessa viagem sem destino demarcado, nem
caminho pespontado, faz-se providencial contextualizar de acordo com a
conjuntura atual. Titubeando em suas realidades movediças, estão os imigrantes
do Oriente Médio que chegam (ou não) à Europa; os brasileiros imersos numa
crise política e econômica; e os afetados (acho que todos nós) pela tragédia do
rompimento da barragem em Mariana.
O que foi projetado no mundo das ideias, não
correspondeu ao executado na prática. E isso é produto frequente. Porém,
assunto que rende um próximo texto.
Música: Primeiro Andar - Los Hermanos