Wednesday, February 22, 2017

Uma dose, por favor




Como uma brisa leve que revigora com um quê de Boas Novas, vem invisível, mas nunca imperceptível.  Atenção! Este texto não tem a pretensão de implantar a ditadura da felicidade, mas de propor soluções mentais para tempos difíceis.

Há quem diga que apenas os impensantes ainda levam como mantra o otimismo. No mesmo sentido, estudos sinalizam que a depressão acomete os menos alienados ou, como constam nas matérias jornalísticas sobre o tema, os mais ‘inteligentes’. 

O otimismo é uma questão de interpretação. De carga de significância que se dá a uma situação passada, presente ou futura. É uma versão adotada para a leitura do que está proposto.
 

A já batida - porém não menos valiosa - pergunta cuja resposta desvela a tendência filosófica de cada um: como você enxerga o copo preenchido com metade de líquido? Meio cheio ou meio vazio?, também abre margem para outros raciocínios: a apatia é produto da resignação ou do comodismo? É um pecado às dores do mundo manter o bom humor e a alma leve nas conjunturas mais adversas? É ingenuidade ser flexível diante da intransigência?  
  
“O pranto só serve para chorar” ou, parafraseando, o pessimismo só age no ruir da circunstância. O pessimismo, além de não ser uma ferramenta útil de pensamento, é uma sensação de tormento perene em quem acomete. É como um impermeabilizante que impede as boas energias de penetrarem. É aquele comentário inoportuno tramando que as coisas dêem erradas, nem que seja para se ter razão. É aquele descolorir da vida. É a água do chopp. É a areia do olho. É o amarelar o sorriso do (s) outro (s). É a urucubaca. Como uma praga que tem sua razão de existir, tem quem transmita, contamina e mata - nem que sejam as esperanças.  

Além do mais, é um distúrbio que desencadeia outros maiores e mais sérios, de difícil tratamento. O pessimismo é um mal em si mesmo, a si mesmo e respinga no próximo, quanto mais próximo ele esteja.

Talvez esse apego ao impalpável otimismo se justifique por uma ciência, não muito famigerada, mas encantadora, denominada patafísica, cujo conceito também pode ser traduzido no seguinte: o absurdo do existir precisa de alguma explicação ou sensação que o justifique. Por mais paradoxal que isso seja. Ou absurdo.

No fim, não há poder resoluto que emane do otimismo. Não soluciona situações, mas oportuniza que você passe pelo pior com vistas no melhor, que pode vir ou não. Mas é bom saber que o ideal existe. 

Tal como a função da utopia, cujo real significado está intimamente ligado ao inatingível, porém, quando a temos em nosso horizonte, revigora o fôlego para seguir. O que vale é o caminho, não o destino. Nos vemos lá.