Ter todas as certezas é sinal de segurança ou
de covardia em se questionar e repensar sua realidade?
Se propor a fazer novas escolhas a todo
momento é sinal de vulnerabilidade ou de reverberação constante?
Eu tenho essa certeza eterna hoje,
amanhã, não sei.
Qual o conteúdo de suas ponderações?
Sua conduta ao tomar decisões é baseada na
razoabilidade da lógica ou do empirismo?
Você leva em consideração o histórico ou o
imediato?
Você é empático ou individualista?
Você quer que o impacto aconteça a curto ou a
longo prazo?
Qual é o momento certo de apertar o confirma ou o corrige?
São perguntas retóricas, mas você, leitor,
pode tentar responder uma a uma. Desafio-o a conseguir.
Há dias em que você só quer (se) ler. Não
somente ler o que você já registrou em palavras sobre si mesmo e o que pensa
sobre tudo que está aí. Mas você deseja ler o que está dentro de você e que
parece como um enigma da esfinge. Nebuloso. Difícil de ser interpretado. São
muitos signos e poucos significados. São muitas teorias e poucas conclusões.
São hipóteses que não se fecham como realidades. São hipóteses que retumbam
como um som ensurdecedor e pouco nítido.
William Shakespeare, cujo quarto centenário de
morte é celebrado em 2016, já teria ditado as tendências para a existência de
gerações e gerações, espalhadas pelos cinco continentes, onde, nos quais e em
todos, nenhum humano passa incólume pela veemência das dúvidas que a vida nos
impõe sob todos âmbitos. “Ser ou não ser, eis a questão”, citação do autor que
caiu no senso comum, mas que continua com sua validade filosófica - dos dilemas
mais profundos aos problemas mais corriqueiros.
Acordamos sem saber qual roupa vestir e até
essa escolha reflete nossa introspecção do dia. Sentamos na nossa mesa de
trabalho e perguntamos se era isso mesmo o que queríamos ser quando fizemos
todos aqueles cursos. É hora do almoço e os restaurantes são abundantes.
Decidimos por tal prato e pensamos se estamos fazendo o certo com nossa saúde. Estamos
em férias, precisamos viajar para algum lugar. Mas para onde? Reencontramos um caso antigo que ganha novos contornos e conhecemos um
parceiro novo, ficamos em dúvida em qual vale a pena investir. Falando em
investir, e a bolsa de valores?
Toda escolha é uma perda. E pensamos no que
não decidimos. Nas opções preteridas. Teria sido melhor? O fantasma do ‘e se’...
Somos produtos das nossas escolhas ou do que
nos escolhe.
Tantas perguntas num artigo de uma indecisa
nata são propositais. É a forma em texto do conteúdo da mente. Poesia concreta
abstrata. É como uma mosaico da minha cabeça. E da sua?
Já peço desculpas antecipadamente por esse
artigo sem articulação e sem desfecho, talvez uma metáfora do que a vida nos propõe.