Friday, February 12, 2016

Eis a vida: a questão

Ter todas as certezas é sinal de segurança ou de covardia em se questionar e repensar sua realidade?
Se propor a fazer novas escolhas a todo momento é sinal de vulnerabilidade ou de reverberação constante?
Eu tenho essa certeza eterna hoje, amanhã, não sei.
Qual o conteúdo de suas ponderações?
Sua conduta ao tomar decisões é baseada na razoabilidade da lógica ou do empirismo?
Você leva em consideração o histórico ou o imediato?
Você é empático ou individualista?
Você quer que o impacto aconteça a curto ou a longo prazo?
Qual é o momento certo de apertar o confirma ou o corrige?

São perguntas retóricas, mas você, leitor, pode tentar responder uma a uma. Desafio-o a conseguir.

Há dias em que você só quer (se) ler. Não somente ler o que você já registrou em palavras sobre si mesmo e o que pensa sobre tudo que está aí. Mas você deseja ler o que está dentro de você e que parece como um enigma da esfinge. Nebuloso. Difícil de ser interpretado. São muitos signos e poucos significados. São muitas teorias e poucas conclusões. São hipóteses que não se fecham como realidades. São hipóteses que retumbam como um som ensurdecedor e pouco nítido.

William Shakespeare, cujo quarto centenário de morte é celebrado em 2016, já teria ditado as tendências para a existência de gerações e gerações, espalhadas pelos cinco continentes, onde, nos quais e em todos, nenhum humano passa incólume pela veemência das dúvidas que a vida nos impõe sob todos âmbitos. “Ser ou não ser, eis a questão”, citação do autor que caiu no senso comum, mas que continua com sua validade filosófica - dos dilemas mais profundos aos problemas mais corriqueiros.

Acordamos sem saber qual roupa vestir e até essa escolha reflete nossa introspecção do dia. Sentamos na nossa mesa de trabalho e perguntamos se era isso mesmo o que queríamos ser quando fizemos todos aqueles cursos. É hora do almoço e os restaurantes são abundantes. Decidimos por tal prato e pensamos se estamos fazendo o certo com nossa saúde. Estamos em férias, precisamos viajar para algum lugar. Mas para onde? Reencontramos um caso antigo que ganha novos contornos e conhecemos um parceiro novo, ficamos em dúvida em qual vale a pena investir. Falando em investir, e a bolsa de valores?

Toda escolha é uma perda. E pensamos no que não decidimos. Nas opções preteridas. Teria sido melhor? O fantasma do ‘e se’...

Somos produtos das nossas escolhas ou do que nos escolhe.

Tantas perguntas num artigo de uma indecisa nata são propositais. É a forma em texto do conteúdo da mente. Poesia concreta abstrata. É como uma mosaico da minha cabeça. E da sua?

Já peço desculpas antecipadamente por esse artigo sem articulação e sem desfecho, talvez uma metáfora do que a vida nos propõe.