Invariavelmente,
optar por algo significa desistir de outro (s). Viver é perde e ganha. Ou ganha
e perde. Ou ganha. Ou perde. Isso aí já depende da sua tendência filosófica.
Comecemos
pelo que tem regido nossos ânimos nos últimos dias: a atual (embaraçosa)
conjuntura política brasileira. Vejo gente perdendo amigos e ganhando
princípios. Mas também vejo gente perdendo admiradores e ganhando inimigos.
Vejo gente que não ganha nem perde, porque está perdido.
Vejo
gente perdendo dinheiro em viagens e ganhando registros fotográficos e mentais,
mas, principalmente, histórias.
Pessoas
que perdem calorias e minerais e ganham vigor físico e endorfina (bom humor).
Perdem
a beleza das unhas dos pés e ganham os jogos de futebol.
Eu já
perdi a hora e ganhei atraso.
Já perdi
limites e ganhei sermão. Ou prejuízos morais e financeiros. Ou os dois.
Pensadores
perdem ideias e ganham concretizações.
Pessoas
perdem os amores de sua vida e ganham amor próprio.
Vejo
gente perdendo vidas em atentados terroristas ou em travessias em busca de
refúgio. Mas nessa situação nada se ganha de positivo, só em estatísticas,
dores e medos.
Isso
para não falar do impasse: ora estamos perdendo nosso tempo para ganhar
dinheiro, ora perdendo dinheiro para nos sobrar tempo qualitativo.
No
exercício do existir somos, simultaneamente e instavelmente, vencedores e
vencidos.
Perde-se
– antes - dentro de si mesmo para – depois - ganhar o mundo.