Assim como não existe marinheiro de primeira viagem, não existe vitorioso de primeira tentativa. São raríssimas as pessoas que conquistam o que almejam como num passe de mágica. O que é importante, não vem facilmente. O que tem significado, demora a ser conseguido.
Talvez
um dos poucos mandamentos da deontologia do jornalismo pelo qual balizo os meus
princípios pessoais é o que afirma que a prática desta profissão é o
compromisso com a verdade ou, acreditar no que se diz e, consequentemente, no que
se faz. Tenha isso como talismã, aplique em todos os âmbitos da vida e ‘aponta
para a fé e rema’.
Neste
caminhar trôpego - ora tropeça e cai, ora levanta e vai - não há do que
reclamar. É assim que se faz a vivência e acumula experiência; assim se constrói
um sistema empírico de aprendizado muito útil para aplicar em situações
vindouras, praticando a chamada redução de danos, bem como o impedimento de
repetição dos erros. Como bônus, essas passagens servem também para
tornar-te um alguém mais interessante... que seja.
A
persistência, virtude tão exaltada como identidade da sociedade brasileira,
responde a uma linha tênue circunstancial que pode ser definida por dois
ditados populares: enquanto um diz que ‘água mole em pedra dura, tanto bate até
que fura’, noutro extremo, há o que dita que ‘dar murro em ponta de faca’ é,
obviamente, uma postura inócua.
Tantas
divagações talvez por demais abstratas, vieram de reflexões após assistir à
apresentação ‘Nômade’, da Cia Mário Nascimento, em cartaz no CCBB de BH, dentro
da programação do Verão de Arte Contemporânea (VAC).
O
espetáculo versa, utilizando quase por maioria expressões corporais, sobre a
inconstância humana em suas buscas incessantes e variadas. A trilha sonora sem
vocal envolve o espectador, criando uma atmosfera de tensão e atenção aos
próximos passos que serão estampados naquele palco sem nenhum artifício de cenário.
Como
sempre, ouso escrever inferências minhas. Desta vez, apreendi que toda aquela
representação de um povo aborígene em busca de seu lugar seja uma metáfora do
que a vida é, ou deveria ser: uma caçada implacável e randômica por nosso
espaço no mundo, para que também possamos encontrarmo-nos dentro de nós mesmos.
A música da vez veio a calhar, título e conteúdo: Nômade