Já li que a felicidade é
diferente da alegria. A felicidade é um compilado de coisas, que envolve um
combo de ganhos, mas perdas também. É um sentimento maduro. Por isso, quando me
perguntam: “tá feliz?”, eu respondo: “sempre!” Não que eu viva em êxtase ou que
não tenha perdido muito neste percurso. A cada notícia que leio, a cada jornal
que assisto, a cada conversa que escuto no ônibus ou no metrô, ou em algumas situações
que eu mesma vivo, tenho motivos para ver o quanto o mundo anda perdendo, e,
com isso, eu também.
Seriam as notícias a
metalinguagem da vida? Seria a vida pensando – agindo - o ato de existir, do
ponto de vista prático e não do teórico? Como a filosofia, que é uma instância
diferente de metalinguagem da vida, no campo da reverberação de hipóteses, ou
seja, da teoria. A verdade é que o fato impulsiona teorizarmos o viver e fabricar fatos
futuros diferentes para nós mesmos.
E se a realidade fosse
nossa ficção e vice-versa? Nosso noticiário parece escrito por roteiristas. Só
para pinçar um exemplo atual e polêmico: um juiz voltou à tona o absurdo do
tratamento da homossexualidade como doença. Se me falassem que era uma sinopse
de um filme de ficção científica, eu acreditaria, de pronto. Mesmo que achasse
um roteiro muito do viajadão.
Estão acompanhando, gente?
Vamos juntos, porque estou com medo de me perder também.
Neste contexto, podemos
fabricar pílulas de alegria instantânea para nos medicar contra o mal estar que
nos está posto. O que te faz sorrir? O que te causa sensação de leveza? O que
te leva ao êxtase? O que te gratifica? Vai de cada um.
Pode ser fazer uma
caminhada observando a paisagem. Ou entregar um trabalho bem feito pro chefe.
Ou comer várias fatias do seu sabor de pizza favorito. Ou jogar bola. Vocês que
estão me lendo jogam bola? Senão, indico uma primeira vez que seja. É uma das coisas
mais gostosas dessa vida: a endorfina. Ou encontrar seus
amigos de infância e relembrar o tempo juntos. Ou escutar música bem alta no
transporte público ou caminhando. (quando alguém me vir nesta situação, nem
queira saber o que tá tocando). Ou sair com aquela turma que tem ‘liga’ e se
diverte em qualquer programa. Ou cozinhar pros seus pais. Ou mesmo aquele
respiro no ambiente de trabalho em que falam sobre amenidades. Ou ajudar alguém sem interesse. Ou rir até sair lágrimas e doer a
barriga. Ou ficar fazendo nada ao lado da pessoa que escolheu para passar a
vida com você.
Recomenda-se, no mínimo, da
inserção na sua rotina diária de uma pílula diária de alegria - à sua escolha.
Não precisa aproveitar com moderação. São doses homeopáticas que, somadas,
causam um efeito duradouro.
E para você que chegou até
aqui, me deu uma pílula de alegria. É gratificante ser lida.
P.S.:
Essa é mais uma ideia dentro do metrô. Acho que posso pensar num novo local de
processo criativo.
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Metalinguagem: A metalinguagem é uma forma
linguística na qual o código fala de si mesmo. Essa prática pode ocorrer em
diversos meios artísticos.