Thursday, November 11, 2021

A constância da inconstância


 Eu chego para ir embora.
Eu vou embora para chegar.
Não há nada onde permaneça. Nem mesmo na minha cabeça e nem no mesmo corpo. Quem me dera nos mesmos cabelos.
A minha cor de pele vai e vem: desbota e bronzeia. De acordo com minha exposição ao tempo.
Chego menina e parto madura.
Chego mulher e parto em mãe (de vira-latas: melhor raça).
Chego chorando e saio sorrindo (?). Que assim seja, ao menos.
Chego pequena e parto grande (será?).
[No sentido figurado, pois fisicamente, todos que já me viram, sabem que é impossível].
Parti do interior para chegar na capital. Parti da capital para chegar no sertão.
Cheguei inteira no novo porque parti sem carregar destroços.
De onde a gente parte, é onde um dia já chegamos.
Mas para esse mundo, tomara que eu esteja apenas chegando. E me demore para partir.

3 comments:

  1. Esse já virou um dos seus textos favoritos pra mim. E como estava com saudade de te ler. Estávamos, tenho certeza que todos... E você sempre chega pequena e parte grande, e permanece grande... porque você é enorme. Amo-te!

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  2. Adorei o texto, pois traz a sua verdade e com humor. Parabéns!

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